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A música ubíqua (ubimus) surge da necessidade de ampliar a pesquisa nas práticas criativas para atender as demandas de participantes sem formação musical e as demandas de músicos interessados na exploração de espaços informais (KELLER et al., 2014a). Após uma década de iniciativas inovadoras e de trocas frutíferas e variadas, observamos forças de atração que apontam em direçoes complementares e em alguns casos incompatíveis com as práticas preexistentes. Em linhas gerais, vemos por um lado propostas que apostam no incentivo a participação casual nas atividades criativas através de estratégias de suporte que nao dependem de conhecimentos do domínio específico ou de habilidades cognitivas ou motoras que exigem um investimento longo em treinamento. Por outro lado, recentemente surgem práticas musicais que questionam os pressupostos dos paradigmas centrados na criatividade profissional. Essas tendencias já estavam presentes de forma dispersa nas práticas musicais prévias ao surgimento de ubimus, incluindo trabalhos em música acusmática, em composição de paisagens sonoras, algumas vertentes da música experimental ou as propostas improvisatórias (cf. BARREIRO; KELLER, 2010). No entanto, a enfase na autoexpressao e no virtuosismo dos trabalhos recentes em interação musical colocam o desenvolvimento tecnológico no nicho dos especialistas e fora do alcance dos participantes casuais. Por esse motivo, a pesquisa ubimus preenche um vácuo tecnológico e conceitual situado na interseção entre as práticas musicais desvinculadas do enfoque acústico-instrumental (cf. discussao crítica em BOWN et al., 2009; KELLER, 2000; PARMAR, 2012) e as iniciativas para o empoderamento criativo dos leigos - com impacto em contextos múltiplos, incluindo o desenvolvimento do suporte para as práticas criativas, as aplicaçoes em contextos educacionais, as aplicaçoes em contextos cotidianos e o incentivo a novas formas do fazer musical (KELLER; LIMA, 2018).
1.Forças de atração na pesquisa ubimus
A presente seção temática é a primeira tentativa de estabelecer uma troca mais intensa entre as práticas musicais voltadas para o ámbito profissional (bem representadas no Simpósio Internacional de Música Nova) e as práticas musicais cotidianas. O potencial dessa troca pode fornecer respostas a perguntas metodológicas emergentes das práticas musicais ubíquas. Os trabalhos foram inicialmente apresentados no Oitavo Workshop em Música Ubíqua (UbiMus 2018) - realizado entre o 11 e o 14 de setembro em Sao Joao del Rei e organizado pela equipe do Departamento de Ciencia da Computação da...